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Motoristas de aplicativo trocam a “liberdade” do volante pela estabilidade do emprego fixo

Por Dircélio Timóteo

Motoristas de aplicativo trocam a “liberdade” do volante pela estabilidade do emprego fixo
Motoristas de aplicativo trocam a “liberdade” do volante pela estabilidade do emprego fixo (Foto: Reprodução)

O que antes era sinônimo de autonomia e oportunidade de renda rápida, hoje tem se tornado motivo de frustração para muitos motoristas de aplicativo em Várzea Paulista. A queda no valor das corridas, o aumento constante do combustível e os altos custos de manutenção dos veículos estão levando diversos profissionais a deixarem a categoria e voltarem ao mercado de trabalho formal, sob regime CLT.

Entre eles está José Romero, de 34 anos, morador do Jardim Promeca, que afirma ter decidido manter o aplicativo apenas como uma renda extra. 

“Vou continuar dirigindo só nas horas vagas — isso se não aparecer hora extra no emprego fixo”, comenta. Para ele, a conta não fecha: o lucro no final do dia é cada vez menor, enquanto os gastos só aumentam.

A situação é parecida para Marcos Gonçalves, que também decidiu encerrar de vez a rotina de corridas. Designer gráfico de formação, ele conta que está disposto a aceitar qualquer tipo de trabalho com carteira assinada. “Hoje, o importante é ter estabilidade. O aplicativo já não dá mais retorno”, desabafa.

Nos últimos meses, relatos como esses têm se multiplicado nas ruas da cidade. Muitos motoristas reclamam que o preço das corridas não acompanha o custo de vida, e que os aplicativos cobram taxas altas, reduzindo ainda mais o lucro do trabalhador. Além disso, o desgaste físico e a insegurança nas ruas são fatores que pesam na decisão de abandonar o volante.

O fenômeno reflete uma mudança de percepção: a “liberdade” prometida pelo trabalho por aplicativo vem perdendo espaço para a segurança e previsibilidade de um emprego com carteira assinada. Em Várzea Paulista, cada vez mais motoristas estão deixando os aplicativos para trás e buscando o que, há poucos anos, muitos haviam decidido abrir mão — a estabilidade do trabalho formal.